Motion Graphics: Como ganhar mais dinheiro
Motion Graphics, trabalhando job a job.
Tenho a experiência de trabalhar com motion graphics há bastante tempo, eu sempre fiquei fascinado com o quão artesanal é o nosso trabalho. Cada animação com centenas de detalhes. Cada frame ajudando a traduzir em sons e imagens aquilo que o nosso cliente precisa comunicar.
Ao mesmo tempo, sempre me intrigou que todo esse trabalho, muitas vezes semanas a fio em um único vídeo, serve apenas a um único cliente.
Isso me deixava um pouco desanimado, porque algumas vezes eu trabalhava em soluções complexas para criar animações mais interessantes, e todo aquele trabalho ficava para sempre perdido num comercial de secador de cabelos. Nunca mais ninguém iria assisti-lo, e eu nunca mais ganharia nada por aquele trabalho. Como eu poderia ganhar mais dinheiro com motion graphics, fazendo o que eu gosto e tornando o meu trabalho mais relevante?
Formas tradicionais de trabalho
Comecei a pesquisar sobre a relação trabalho x cliente nas diferentes formas em que os Motion Designers costumam trabalhar, afim de buscar uma coerência que justificasse de qual maneira vale mais a pena trabalhar e que me trouxesse mais motivação. Eu encontrei os seguintes cenários:
Trabalhando como funcionário em uma produtora
Sempre trabalhei como funcionário fixo em produtoras e nesse caso alguém pagava meu salário para me ter a disposição em horário comercial (e muitas vezes além dele) para executar os diversos trabalhos que surgiam na pauta. Às vezes 5, outras 10, até 15 jobs de diferentes clientes por mês. No fundo, o cliente para mim era sempre o mesmo: Meu chefe.
Era pra ele que eu estava trabalhando. Era o reconhecimento dele que importava, se eu o surpreendesse talvez pudesse ganhar um aumento quem sabe? (Não quero ser injusto com ninguém, mas não me lembro de ter ganhado um aumento por reconhecimento, só pedindo, e as vezes bem choradinho.) Na maioria das vezes o cliente final nem tinha ideia de que eu existia e mesmo que soubesse ele nunca me remunerava diretamente pelo trabalho feito.
Cada mercado tem uma realidade diferente, no Brasil mesmo eu sei que é bem diferente do que vemos em outros lugares, mas a média do Glassdoor em 2018 é que um profissional trabalhando dessa forma ganha $63K/ano.
Trabalhando como freelancer
Para muitos que tem um emprego fixo trabalhando das 8 às 18, trabalhar com motion graphics sendo freelancer é um sonho. Uma vida sem horários, escolhendo em quais projetos trabalhar e ganhando em um job o que se ganha em um mês como fixo. Bem, talvez não seja assim para todos os freelancers, mas a relação trabalho x cliente é realmente diferente.
Mesmo quem consegue lidar com três, cinco trabalhos fechados ao mesmo tempo, cada trabalho ocupa um tempo único na agenda, e esse trabalho serve a um só cliente que é quem está contratando o freelancer. Esse cliente é quem deve ser surpreendido. Freelancers competentes e talentosos conseguem em média $65K/ano segundo a School of Motion.
Eu achei uma média interessante (acredito que esses números em reais, R$63K/ano e R$ 65K/ano possam refletir a realidade de uma minoria talentosa no Brasil), mas ao mesmo tempo pensei que pra manter esse padrão eu precisaria trabalhar um número de horas maior do que a média da maioria das profissões, e que eu teria que ser muito regrado financeiramente para garantir uma boa aposentadoria, principalmente sendo freelancer, pois se não houver trabalho, não há dinheiro.
Mas quando eu pensava no trabalho que eu tinha pra desenvolver cada job de motion graphics, nas horas dedicadas a ele, para que depois de alguns meses ele caísse em total esquecimento guardado em uma gaveta escura do meu portifólio, o pensamento que me vinha é que essa equação não estava certa. Era muito trabalho, para poucos clientes, dando um resultado mediano. E o pior, trazendo pouca relevância na vida de quem era atingido por esses vídeos. Afinal de contas, quem não fica contando os segundos para poder pular a propaganda no Youtube?
Como inverter essa relação ‘um job x um cliente’, ganhar mais dinheiro e tornar o trabalho mais relevante a quem o consome?
Passei a me perguntar o que os melhores motion designers estavam fazendo para para resolver essa questão. Comecei a olhar caras como Andrew Kramer do Video Copilot, Nick Campbell do Greyscalegorilla, Joey Korenman do School of Motion, Michael Jones do Mograph Mentor. No cenário nacional, Adriano do AEdicas, Pedro Aquino, Beiço do Vida de Motion, Dhyan Shanasa do Layer Lemonade, entre tantos outros. Todos com uma história parecida, antes talentosos motion designers freelancers ou contratados por grandes estúdios, agora empreendem e criam cursos, conteúdos, plugins que fazem as pessoas esquecerem como era o mundo antes deles, como é o caso do Element 3D, criado por um Motion Designer para Motion Designers.
Esses trabalhos servem a centenas de milhares de clientes, agências, marcas, mas principalmente a outros artistas de motion graphics. Quão motivador não é criar coisas que tornem as vidas de outros colegas de profissão mais fáceis?
Fiquei muito motivado a começar a criar minhas próprias soluções para ajudar outros motion designers mas então lembrei: Eu não era programador, professor, e nem tinha as outras habilidades que pareciam imprescindíveis para criar o que eles haviam criado. Eu era apenas um motion designer.
Foi então que recebi uma referência para um trabalho que eu precisava fazer, e a primeira vista não havia entendido muito bem do que se tratava: Photo Gallery on a Sunny Afternoon. (alguns dos links compartilhados no blog, podem fazer parte de programas de afiliados. Isso significa que se você comprar alguns dos produtos que eu compartilho aqui, eu posso ganhar uma pequena comissão, sem que isso custe nada a mais para você. É importante deixar isso claro )A simplicidade me chamou a atenção, era algo que eu fazia no dia a dia. Tracking, composição, tudo bem, não é o que melhor traduz o termo ‘motion graphics’, mas é tão simples, e pode ser tão útil a tanta gente!
No primeiro momento pensei que o Videohive era uma espécie de mega produtora que criava centenas de templates e colocava a venda. Mas olhando atentamente percebi que eram artistas ao redor do mundo que criavam esses projetos e os colocavam a venda, dando para o marketplace uma porcentagem. O autor ganha de 50 a 75% dependendo do volume total de vendas.
No caso do nosso amigo BlueHatDesign, com certeza ele recebia os 75%, ou seja, aproximadamente $25,00 por licença. Na época esse projeto tinha vendido mais de 5.000 vezes, e continua vendendo até hoje!
Eu sei que ele não vendeu toda essa quantia em apenas um ano, mas com certeza ele não levou um ano para desenvolver esse job. Eu diria que demorou menos de um mês pra executar, mas nesse caso o diferencial era a ideia. Algo simples, útil e muito rentável. Fiquei maluco em pensar nas possibilidades, eu tinha todas as habilidades para tornar um projeto assim possível.
Criando meus próprios trabalhos
Passei a estudar como as coisas funcionavam, entender as regras e detalhes do marketplace. Ressuscitei um projeto que eu estava fazendo para aprender como fazer uma rede balançar quando uma bola batesse. Transformei ele em um logo reveal de futebol, renderizei, publiquei, fui dormir as 4 da manhã.
Acordei no outro dia e o projeto não havia sido aceito. Porém havia uma explicação do por que, eu havia esquecido de anexar um arquivo e o projeto acusava ‘missing footage’ quando aberto. De noite, após o trabalho corrigi o problema, publiquei novamente, fui dormir.
Logo de manhã recebi meus emails, havia uma mensagem do Videohive dizendo que o projeto havia sido aprovado, 10 outros emails de comentários recebidos de outros usuários parabenizando o projeto… e 4 vendas! A sensação de criar um produto que fosse útil e vendável para outros artistas foi muito boa. Hoje o Soccer Scoring Logo Revel está chegando a 1.000 vendas. Nunca nenhum cliente pediu alteração por não gostar de algo, pelo contrário, pediram customizações e nesse caso eu posso cobrar por isso. Isso abriu pra mim uma outra forma de negócio que eu nem havia pensado inicialmente.
Conclusão
Nosso trabalho só se limita as nossas próprias ideias. É possível criar um job para 1 ou 10.000 clientes, ou até mais. Ainda gosto de criar vídeos para clientes únicos que terão a sua necessidade de comunicação suprida em um momento específico, mas o meu sentimento em relação aos trabalhos que eu fiz e disponibilizei para outros artistas licenciarem quando surgir a necessidade é diferente. Eles são únicos e eternos. E eu recebo por eles todos os dias. Hoje eu consigo trabalhar como Motion Graphics e ganhar mais dinheiro. Quanto a mais posso ganhar? Esse limite sou eu quem faço e só depende da minha criatividade e determinação.
A minha pesquisa continua, sei que o Videohive não é a única forma de escalonar meus projetos, existem muitas outras formas e esse blog vai ser uma ferramenta para que eu possa compartilhar oque irei aprender durante essa jornada. Te convido a caminhar comigo para descobrirmos juntos essas possibilidades.